quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ARTIGO - CATIANA

O ALUNO COMO CENTRO DA AÇÃO DOCENTE

Ao longo do curso de Pedagogia – EAD foram desenvolvidas uma série de temáticas acerca do fazer docente. Iniciamos nossa caminhada compreendendo como cada corpo/sujeito se comporta dentro da escola. E todos são importantes, cada um na sua função. A escola precisa ser vista por todos como um conjunto em que o início, meio e fim de seus propósitos é a aprendizagem. Mas, para que isso aconteça, cada indivíduo deve ser valorizado na sua diversidade. Tais percepções somente são possíveis pela necessidade de estar inserido em uma escola parceira em busca de indícios que valorizam e fundamentam a prática docente. Para tanto, é importante que façamos um apanhado geral em nossa memória, em busca de situações que revelam o quanto práticas educativas foram significativas no nosso caminho pelo aprender. E aí entra em cena o jogo, a brincadeira como centro da aprendizagem infantil, chegando até grandes teóricos que descobriram facetas da mente infantil.
São muitas as formas de aprender. Cada aluno tem seu potencial próprio e desenvolve sua aprendizagem de modo específico. O respeito às diversidades é o grande desafio do momento pelo qual passa a escola. O aluno, até mesmo aquele considerado com necessidades especiais precisa ser incluído numa turma tida como normal. A dificuldade apresentada é quanto à formação dos professores, que continua sendo apenas para aqueles alunos considerados “normais”. O que fazer a partir disso? Neste momento entra em nossa discussão o papel da formação continuada e das reformulações curriculares, para que efetivamente possam contemplar a todos.
O currículo escolar é de extrema importância por necessitar de uma abrangência muito significativa, tanto no que se refere aos conteúdos específicos como no meio social em que a escola e os alunos estão inseridos. No texto Concepção de currículo ampliado, produzido por um coletivo de autores, temos a seguinte definição “a função social do currículo é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica”. Isso porque é necessário levar em conta a realidade em que o aluno está inserido, quais seus conhecimentos prévios, quais suas dificuldades, expectativas diante daquilo que lhe é apresentado. O aluno precisa ser visto como um todo, um ser completo, sujeito de sua história, como uma pessoa que não consegue separar sua vida de casa, seus conflitos internos, suas necessidades específicas com as necessidades de escola.
Esta concepção de currículo vem a contribuir com os estudos de Piaget e Vygotsky. Estes defendem que um ser jamais está pronto em termos de conhecimento. A aquisição do conhecimento acontece de modo permanente, cada saber em seu tempo e a seu modo. Piaget nos diz que
“o conhecimento não é visto como algo pronto ou que pode ser adquirido passivamente de fora para dentro. Essa teoria apresenta uma visão ativa do sujeito, que, agindo sobre os objetos, vai interiorizando o conhecimento a partir deles. Ao mesmo tempo, sofre influências do meio em que está inserido e interage com o grupo social em que vive.” (NAPOLINI, 1996, p. 180-190)
Eis então os motivos pelos quais o professor precisa conhecer verdadeiramente seus alunos, fazer um apanhado geral sobre suas famílias e sobre o conhecimento já adquirido. A aquisição do conhecimento inicia com o nascimento. O aluno já chega na escola repleto de saber. É exatamente Vygotsky que defende isso:
“O desenvolvimento do homem se inicia com o nascimento. Sendo assim, quando a criança chega à escola já percorreu um longo caminho, tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem. Portanto, a aprendizagem escolar não começa no vazio”. (NAPOLINI, 1996, p.180-190)
O aluno somente será o centro da ação docente quando realmente o professor estiver interessado em conhecê-lo. É o que vem acontecendo com a turma em que realizei parceria. A professora consegue fazer um acompanhamento bem amplo de seus alunos. Assim, contempla cada necessidade apresentada com atividades que realmente gerem conhecimento. Aqui entra o lúdico, a brincadeira. A criança aprende sem perceber o que o professor pretende. O aprender torna-se prazeroso, atraente e gratificante. A escola passa da obrigatoriedade imposta pela sociedade para o prazer em estar nela, pois tem certeza de que é satisfatório estar lá.
Cada professor tem sua metodologia específica. Paulo Freire nos diz que todo professor precisa saber que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.47). Foi isso que buscou deixar quando inventou o método de ensino/alfabetização de jovens e adultos baseado na realidade de cada comunidade. Método este que hoje recebe seu nome e é estudado e “copiado” por uma infinidade de docentes que, assim como ele, querem ser significativos na vida de seus alunos.
Quando professor e família estiverem juntos para a formação do intelecto da criança, o trabalho se torna mais fácil e mais eficaz. O professor necessita de informações que apenas a família tem condições de saber sobre a criança. Um dos fatores que atrapalham o processo ensino aprendizagem é a falta de conhecimento sobre os alunos. O curso em Pedagogia em questão pretende que este seja um problema superado, uma vez que tem como centro de sua formação a pesquisa da realidade para a prática docente.

REFERÊNCIAS:
CARDOSO, Beatriz. Quem pergunta quer saber. Ambiente MOODLE – UFPEL.

CARDOSO, Beatriz. EDNIR, Madza. Ler e escrever, muito prazer! Editora Ática. São Paulo. 2ª ed. 2006.

EXCERTOS de “A experiência criativa”. Ambiente MOODLE – UFPEL.

FREIRE, Madalena. Educador: educa a dor. São Paulo; Paz e Terra, 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. Petrópolis, Editora Vozes, 2009.

HICKEL, Neusa. A inteligência é um processo e não um dom. Ambiente MOODLE – UFPEL. Acesso em 29/06/2009.

LIMA, A.F.S.O. Pré – escola e Alfabetização: uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. 14 ed. Petrópolis; Editora Vozes, 2001. p.45-48.

METODOLOGIA do ensino da educação física: concepção de currículo ampliado. Coletivo de autores; São Paulo. Cortez, 1992. (Coleção magistério. 2º grau. Série formação do professor). P.26-30.

NAPOLINI, AT. Didática do português: tijolo por tijolo: leitura e produção escrita. São Paulo; FTD, 1996. p.180-190.

OLIVEIRA, Tarcizo. OLIVEIRA, Carla E.D. Erros e acertos na educação. Porto Alegre, 2007. 1ª ed.

SANTOS, Júlio César Furtado dos. Aprendizagem significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre; Mediação, 2008.

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo; Contexto, 2007.

Artigo publicado pela aluna Catiana Dallacort Lodi - Pedagogia 1

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