segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ARTIGO - MERIDIANA


Projeto Político Pedagógico: Documento norteador na construção da identidade escolar.

Meridiana Bernardi

Pensando em Gestão Escolar e sabendo que este é um tema muito amplo, opto por estudar o Projeto Político Pedagógico por ser um documento que norteia o trabalho de todas as instituições de ensino. A partir dele se organiza o trabalho pedagógico, e será utilizado em todos os momentos e por todos do grupo escolar.
O presente trabalho tem o objetivo de identificar e compreender os diferentes pressupostos teóricos presentes no projeto pedagógico das escolas e suas implicações na formação dos sujeitos, buscando, desta forma, construir um referencial metodológico e teórico para uma prática fundamentada na perspectiva da educação crítica.
Para analisar e refletir criticamente os princípios teóricos metodológicos que fundamentam a prática pedagógica, realizamos estudos bibliográficos, primeiramente, e observamos a prática pedagógica desenvolvida no ensino fundamental e médio das escolas dos municípios da região.
O Projeto Político Pedagógico da escola pesquisada foi elaborado a partir dos professores e pedagogos da escola, contando com a ajuda de alunos e pais, através de pesquisas e questionários encaminhados aos mesmos.
Este trabalho tem por objetivo estudar e analisar vários aspectos do projeto político-pedagógico dentro da escola parceira. Como diz Fraidenraich: “ As metas e os objetivos definidos nesse documento indicarão como investir para garantir o funcionamento da instituição em condições satisfatórias” (2010, p. 16).
As creches, ou escolas de educação Infantil, são espaços cujo objetivo norteador é proporcionar um desenvolvimento integral às crianças, atendendo
“suas necessidades físicas, biológicas, sociais, intelectuais e afetivas de forma integrada” (RIZZO, 2006, p.45).
O mesmo enfoque também é dado pelo artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), afirmando em seu texto que:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (1996, p. 12).
De acordo com Ongari e Molina (2003, p. 131), a creche presta um serviço à coletividade, colocando-se ao lado da família e “ construindo para a tarefa, até então considerada muito privada, de educar crianças pequenas”. Conforme as autoras citadas acima, a creche propicia à criança contato com ambientes mais amplos e com experiência de socializações diferentes do que ela tem em família, sendo que esta é cada vez menos numerosa ( 2003, p. 131).
O Projeto Político Pedagógico “é meta, mas torna-se concreto e gerador de movimentos quando transposto para a compreensão das pessoas e por elas assumido”. (FERREIRA, 2003, p.112). Projeto pode significar algo novo ainda não existente, já que é a organização do que esta por vir, mas com base em caminhos já percorridos e sabendo o ponto exato em que a escola esta vivendo. Ferreira diz:
Projetamos quando temos à nossa frente algo que queremos e para trás algo que nos da referencia. Um projeto é sempre um empreendimento, organização de ações em função de necessidades e desejos de sujeitos concretos. É sempre o anúncio de algo que se quer alcançar. A partir daí podemos pensar o que uma escola quer como seu projeto pedagógico (2005, p. 44).
O principio necessário para nortear o projeto é sua intenção, algo que será necessário, as finalidades da escola, e seu papel social como Ferreira nos mostra:
O principio norteador de um projeto pedagógico é sempre sua intencionalidade. Algo que se apresenta como desejado e necessário. Todo projeto implica a explicitação de uma determinada intenção de ações, da definição a respeito dos fins que se alcançar, que se sustentam em valores, valores esses criados e estabelecidos pelos sujeitos participantes das ações. Assim fica explicita uma filosofia de ação (2005, p. 44).
O mesmo enfoque é dado por Veiga :
O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalidades da escola, assim como explicitação do seu papel social e a clara definição dos caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo. Seu processo de construção aglutinará crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e cientifico, construindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo ( 1998, p. 9).

Contexto
A Escola de educação Infantil Tio Luiz localiza-se na Rua Padre Exupério, n° 466, Bairro Jardim do Sol, município de Marau.
É mantida pela prefeitura Municipal de Marau, que no ano de 1994, junto com a comunidade foi constituiu a Creche Municipal Tio Luiz, devido à necessidade das mães que exerciam atividades fora do lar e não tinham onde deixar seus filhos no turno de trabalho.
A creche recebeu esse nome em homenagem ao Sr. Luiz Broco, doador do terreno, que havia governado a Prefeitura na gestão anterior, sua contribuição foi marcante no desenvolvimento do município. A constituição foi designada pelo decreto Municipal nº. 1.429/94. O terreno, com área de 325 m, área construída é de 176m², sendo uma parte do 1º piso, utilizada pelo Clube de Mães da Comunidade, as atividades iniciaram no dia nove de março de mil novecentos e noventa e quatro.
A partir de 06 de agosto de 1999, conforme decreto municipal 2.308, as Creches Municipais tiveram sua designação alterada, e esta passou a chamar-se Escola Municipal de Educação Infantil Tio Luiz.
A escola conta com quatro professoras, quatro atendentes de creche, uma estagiaria, uma vice-diretora e uma diretora, que atendem noventa e dois alunos de dois a seis anos de idade, nos turnos da manhã, tarde e integral. Distribuídos em Maternal, Jardim I e Jardim II e Pré-Escola, provenientes dos loteamentos Jardim do Sol, COHAB, Jardim das Palmeiras, Jardim América, Mutirão Habitacional, Bosque II e Centro.
O horário de funcionamento da escola é das 07h00min horas às 18h00min horas, sendo divididos em turnos: da manhã das 07h00min horas às 11h30min horas, tarde das 12h45min às 18h00min horas e integral.
A escola conta com fonoaudióloga que atende ás crianças uma vez por semana, e uma psicóloga que atende sempre que solicitada no posto de saúde.
É uma escola pequena onde a maior parte dos pais trabalha em empresas alimentícias, os pais em geral tem boa estrutura familiar e na maioria de classe média, alguns de classe baixa, mas com a escola trabalhando junto com a família é possível conseguir ótimos resultados. Possuem trabalho e na sua maioria casa própria.
No bairro há uma Igreja tendo como padroeiro São Pelegrino, possui também padaria, mercado, escola, faculdade, Apae, Colégio de Irmãs, um PSF (Posto de Saúde da Família) por ser um bairro antigo todos mantém boa relação e se conhecem.
A escola é mantida pela Prefeitura Municipal de Marau, SESI, convênio com Perdigão e ainda a contribuição dos pais para o CPM (Circulo de Pais e Mestres) da escola que auxilia na manutenção da mesma, na compra de complementos alimentares e de material escolar quando necessário, e na realização de eventos e homenagens.

Visão dos Pais
Os pais enxergam a escola como uma segunda família, que da continuidade na educação de seus filhos. Sabem que contribuem para a formação física, moral e intelectual do desenvolvimento da aprendizagem de seus filhos, com a certeza de uma preparação para a vida e o futuro de um bom cidadão.
Dizem-se contentes com a organização da escola, começando pela direção que é muito prestativa e esta sempre a disposição dos pais, o cuidado e responsabilidade dos professores, assim como a limpeza do prédio. Vêem a escola como uma continuação da família e que neste lugar aprendem regras e ensinamentos que podem desenvolver a criança.
Para os pais a escola é uma ótima opção, pois sabem que os seus filhos ali são bem cuidados e alimentados e que a escola é um lugar seguro para eles e com isso conseguem trabalhar sossegado. Enfatizam ainda que escola, família e comunidade andem juntas, e que isso se da pelas reuniões onde todos podem participar.
Fraidenraich diz:
Tomar decisões sozinho é sempre uma responsabilidade muito grande, ainda mais com medidas que dizem respeito não só aos alunos, mas a toda a comunidade. A prática que alguém decide e todo mundo faz está ultrapassada e não condiz com o conceito de autonomia da escola. (2010, p. 16)
Alguns pais deixam como sugestão, reuniões e encontros com a comunidade; palestras sobre Educação Infantil, par que os pais tenham outra visão sobre os professores.

Visão dos Professores
Os professores vêm à escola como uma instituição que dá continuidade à educação, onde há espaço para proporcionar ensino e aprendizagem.
Acreditam que os pais são os alicerces para as crianças no processo educativo. Muitos se mostram preocupados, de famílias estruturadas, porém outros parecem despreocupados com a educação, vivem em famílias instáveis, deixando para a escola o papel que deveria ser deles, isso acaba muitas vezes dificultando a relação família escola.
Os professores se mostram mediadores entre o aluno e o conhecimento, motivando-os e despertando o interesse para a participação nas aulas, preocupados acabam por desempenhar bem seu papel no processo de ensino aprendizagem.
A direção é humana, sempre motivando os professores, e apoiando os pais.
Utilizam do construtivismo como prática educativa, partindo sempre da realidade da criança, levando em conta sua bagagem cultural e utilizando-se do concreto, incentivando o aluno ao pensar. Acreditam que se deve ter consciência que trabalham com pessoas, envolvendo sentimentos, alegrias, vitórias, conquistas e aprendizagens o que é merecedor de muito respeito e admiração.

Princípios da Proposta Político Pedagógica
Projeto Político Pedagógico Aponta como objetivos da escola:
- Ter sua prática educativa baseada nas necessidades políticas;
- Formar cidadãos responsáveis;
- Deixar claro o papel da escola e o que queremos;
- Promover o crescimento cultural e intelectual do aluno;
- Permitir a criança a fazer suas escolhas;
- Construir um espaço escolar com elementos curriculares de aprendizagem;
- Formar agentes de formação cultural;
- Permitir o Desenvolvimento de potencialidades que leve a auto-realização e a autonomia;
Viabilizar através de espaços adequados, que a escola com sua estrutura formem pessoas par ao mundo que caminhe em alta velocidade, de forma ética com postura flexível construindo idéias e atitudes responsáveis perante a vida.
A Escola Municipal de Educação Infantil Tio Luis, compromissada com a educação e seu papel educativo, para poder dar resposta ao conjunto de sua missão. Organiza seus princípios em torno de quatro aprendizagens fundamentais, que ao longo da vida serão de algum modo para cada individuo, os pilares da educação que são: Aprender a conhecer, aprender e fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser.
Sendo que a união dos quatro saberes constituem apenas um, dado que entre eles existam muitos pontos de contato, de relacionamento e de permuta.
1) Aprender a conhecer
Esse tipo de aprendizagem visa o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento, podendo ser considerado como um meio e uma finalidade de vida humana. Meio por que se pretende que cada um aprende a compreender, de conhecer e descobrir.
Aprender para conhecer, quer dizer, aprender a aprender, isto é, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. O processo de aprendizagem do conhecimento nunca esta acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Por isso continuamos a aprender ao longo de toda a vida.
2) Aprender a fazer
Aprender a fazer e aprender a conhecer são extremamente ligados à formação profissional: como ensinar o aluno a por em prática seus conhecimentos e como adaptar a educação ao trabalho futuro.
Esse aumento de exigências de qualificação, em todos os níveis, tem varias origens. No que diz respeito ao pessoal, ao coletivo e ao grupo. Tais exigências visam uma busca de trabalhadores com compromisso pessoal, considerando suas qualidades subjetivas, inatas ou adquiridas em saber ser para saber fazer.
Qualidades como: comunicação para trabalhar em grupos, gerir e resolver conflitos torna-se cada vez mais importantes. Trata-se mais de uma qualificação social do que profissional. Por isso, aprender a fazer depende do aprender a conhecer.
3) Aprender a viver juntos
Sem duvida esta aprendizagem hoje repete um dos maiores desafios da educação, que tem por missão, por um lado transmitir conhecimento sobre a diversidade da espécie humana, e por outro levar as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da independência entre todos os seres humanos.
Passando a descoberta do outro, pela descoberta de si mesmo, e por a criança e o adolescente uma visão ajustada do mundo. A educação, seja dada pela família, pela comunidade ou pela escola, deve antes de tudo ajuda-los a descobrirem-se a si mesmos. Por isso o confronto através do dialogo e de argumentos que são indispensáveis à educação.
4) Aprender a ser
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito, corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e espiritualidade. Todo o ser humano deve ser preparado a ser autônomo, critico a fim de poder decidir por si mesmo e de saber agir nas diferentes circunstancias da vida.
A educação tem o papel essencial, conferir a liberdade de bens, discernimento, os sentimentos e a imaginação de todos os seres humanos. Que necessitam desenvolver seus talentos, sendo donos de seu próprio destino. Assim sendo, aprender a ser se desenrola desde o nascimento até a morte, é um processo dialético que começa pelo conhecimento de si mesmo e na relação com o outro.
Ferreira nos mostra o real significado do projeto pedagógico para a escola:
A construção do projeto pedagógico deve considerar, portanto, o desafio da articular as singularidades da escola que produziu às políticas públicas mais amplas. A reflexão coletiva da escola é extremamente importante e necessária a fim de que exista um compromisso de todos a respeito dos princípios que vão orientar o trabalho escolar, considerando sua especificidade.
Dessa forma o PPP constitui-se em um instrumento valioso de mediação entre ansiedades, desejos e intenções dos sujeitos escolares e o planejamento concreto de suas ações cotidianas. O PPP concebido, executado e avaliado na perspectiva do coletivo poderá vir a construí-se na ferramenta por excelência para a escola construir sua autonomia, a partir da ressignificação de suas praticas de todo o trabalho escolar (2005, p. 47).
Consideramos que todos os pontos descritos neste Projeto Político Pedagógico são de fundamental importância para o bom funcionamento de uma escola, e para uma educação de qualidade, a qual as crianças e adolescentes necessitam.
Em última análise, é possível afirmar que, com a observação e estudo da escola e de seu Projeto Político Pedagógico, que se fizeram necessários para a realização deste trabalho pode acrescentar conhecimentos indispensáveis para a futura docência.

REFERÊNCIAS
ONGARI, Bárbara; MOLINA, Paola. A educadora de creche: construindo suas identidades. São Paulo, Cortez, 2003.
RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
BRASIL. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9.394/ 1996, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23 dez. 1996.
FERREIRA, N. S. C. A Gestão de educação e as políticas de formação de profissionais da educação: desafios e compromissos. In: FERREIRA, N. S. C. Gestão democrática da educação. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
FERREIRA, N. S. C. Gestão Educacional e Organização do Trabalho Pedagógico. In: FERREIRA, N. S. C. Projeto Pedagógico: A autonomia coletivamente construída na escola. Curitiba: IESDE, 2005.
FRAIDENRAICH, V. O PPP e os investimentos. verônica.fradenraich@abril.com.br, ano II, n° 7, abril/maio 2010. Disponível em: Nova Escola: Gestão Escolar

Artigo publicado pela aluna Meridiana Bernardi - Pedagogia 1

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