quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ARTIGO - CATIANA

O DESAFIO DE ENSINAR PORTUGUÊS

Quando falamos em educação, logo nos vêm à mente o ensino de conceitos formados e exatos. Porém, há uma disciplina no currículo escolar que provoca discussões: por que ensinar português a falantes nativos desta língua?
Sabemos que a língua falada e escrita é o mais poderoso vínculo de comunicação entre as pessoas e uma área de discussão e conhecimento que estamos inseridos desde o momento em que nascemos. Ao tomarmos a Língua Portuguesa como objeto de estudo, vemos que, muito mais importante que saber regras, devemos dominar o modo de realização desta língua na sociedade. Uma língua só tem sentido em si quando os falantes compreendem seu processo e são capazes de expressar seus sentimentos e pensamentos através dela.
Dessa forma, se a língua é veículo comunicativo, faz-se necessário refletir sobre o que é linguagem. Considerando a linguagem como atividade humana, social, também o ensino da Língua Portuguesa deve seguir essa direção, proporcionando ao aluno condições de melhorar seu repertório lingüístico, sua competência comunicativa para ser capaz de empregar essa língua nas mais diversas situações de uso.
E é para que o ensino de português seja realmente eficiente que as aulas devem apresentar três fases: leitura, análise lingüística e produção textual, sendo que estas devem ser ancoradas em situações concretas de comunicação, para que o aluno possa perceber como se dá o processo de construção do enunciado e o valor que cada palavra tem no lugar onde foi posta.
Mas, neste ponto, esbarramos num problema muito evidente nas escolas: os alunos não gostam de ler e não sabem o que lêem. O que o professor deve fazer é incentivar a leitura, de qualquer texto, e não de livros escolhidos. A leitura não deve ser limitada, mas sim deve disponibilizar vários exemplares e de diversos gêneros e assuntos. O aluno deverá construir um conceito de que ler não é apenas decodificar o código escrito, mas produzir sentido e relacionar a leitura com sua vida, pois os livros recriam o mundo, permitem que a imaginação flua e que a pessoa se encante com aquilo que leu.
Quando o aluno compreender o verdadeiro sentido da leitura, certamente produzirá textos coerentes e coesos, sentirá prazer em realizar essa tarefa e se sentirá capaz. Com toda essa bagagem de informação, o estudante terá plenas condições de organizar suas idéias e argumentar, tornando-se autor daquilo que produziu, e não somente reproduzir o que já está escrito. No entanto, para que isso aconteça, é importante que o material, os textos utilizados na sala de aula sejam plenos de conteúdo, para que se possa, através deles, mostrar o funcionamento da língua.
Saber manejar a língua é ser capaz de entender como tal expressão foi co9nstruída e qual o efeito de sentido que ela produz em cada situação de uso. O ensino da gramática deve partir do texto, deve analisar lingüisticamente cada enunciado e, a partir dele, entender como funciona a regra e por que há uma exceção, e que isso ocorre de uma forma lógica. O que tem de mudar no ensino da Língua Portuguesa é que apenas as regras gramaticais são “ensinadas” e depois cobradas em exercícios mecânicos. Além disso, na hora da prova, ainda se utiliza a memorização como a melhor forma de alcançar uma boa nota. Porém, vimos que esse não é o melhor meio, nem o mais eficiente, e que é muito mais importante o aluno saber interpretar o que aprendeu e aplicar essa aprendizagem como forma de inclusão na sociedade. Devemos nos lembrar que ensinar uma língua não é apenas ensinar sua estrutura, mas sim o que a pessoa precisa saber para que ocorra uma comunicação eficiente.
Assim, o aluno deve perceber, na escola, que a aula de português não é uma aula “chata” e cansativa e que não serve para nada, mas que é através desse mecanismo que ele poderá mudar culturalmente e que “saber” essa língua poderá ser a porta de entrada para um futuro brilhante, tanto social quanto profissionalmente.

REFERÊNCIAS:
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

FÁVERO, Leonor Lopes. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 2002.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Moderna. 2003.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para Escrita. São Paulo.

Artigo publicado pela aluna Catiana Dallacort Lodi - Pedagogia 1

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