domingo, 16 de outubro de 2011

ARTIGO - RITA

PROFESSOR AGENTE NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Rita Pizzi Locatelli

A pesquisa do entorno é de fundamental importância para o professor ao iniciar o ano letivo, para poder conhecer o grupo com quem irá trabalhar e assim compreender as limitações dos mesmos. O professor deve primeiramente conhecer a história de vida dos alunos para poder trabalhar com eles. Conhecer sua procedência, compreender seus modos de vida, suas compreensões e expectativas, como sabe lidar com isso, conhecer sua família, como vive porque na escola ele é uma continuação da família. Sua cultura, a participação em eventos promovidos na escola ou sociedade em que vive quais os valores que são atribuídos a tudo isso para poder organizar um plano de trabalho. O professor deve estar em constante busca de informações sobre o cotidiano da equipe ao qual está trabalhando. Para saber de tudo isso é preciso sair da sala de aula e buscar nas famílias, na comunidade, tendo o conhecimento do que é o real e não simplesmente baseando-se apenas em impressões, correndo o risco de tomar alguma atitude que venha em desencontro do crescimento dos alunos.
Segundo Macedo, no texto conhecer o aluno como totalidade: implicações da tarefa docente: “O professor deve ser um investigador. Investigador, porque comprometido com um conhecimento de técnicas pedagógicas, com um domínio de conteúdos escolares e com a experiência acumulada em seu trabalho docente. Além disso, porque deve considerar algo que não está nos livros, que ele não pode conhecer de antemão, uma vez que se trata do saber de seus alunos, das hipóteses, das relações que fazem do sentido que o estudo e a escola têm para eles.”
A sistematização dos saberes e experiências é de fundamental importância para o professor poder situar-se do que os alunos já sabem, daquilo que já aprenderam e do que lembram para que tenha continuidade nas atividades, assim sentindo-se seguro e saber por onde começar e como organizar seu método de trabalho, sempre voltado para a realidade de seu grupo. Podendo assim valorizar a bagagem que cada um traz, pois a criança chega à escola já com conhecimentos adquiridas na convivência familiar e social e esse conhecimento pode ser compartilhado com os demais, integrando o grupo através de práticas de compartilhamento desses conhecimentos. Segundo Napolini, no texto A construção em seus alicerces: Em tempo de sociointeracionismo “O desenvolvimento do homem se inicia com o nascimento. Sendo assim,quando a criança chega à escola já percorreu um longo caminho, tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem. Portanto, a aprendizagem escolar não começa no vazio”.
Toda linguagem é desenvolvida através da convivência e a família tem papel importante neste desenvolvimento, pois a educação é uma tarefa conjunta e progressiva, que precisa começar em casa e se prolonga na escola e outros segmentos sociais.
O sujeito constrói seu conhecimento através da interação com o meio físico e social em que vive. Esse desenvolvimento começa no nascimento e estende-se por toda a vida, nunca está pronto ou acabado, sempre em contínua construção.
Essa construção acontece com a ação do indivíduo com o mundo que o rodeia, interagindo com ele, tendo uma movimentação não só visível ao corpo, mas os movimentos da mente. Na escola encontra espaço para ampliar esse conhecimento através de práticas que venham estimular o mesmo a superar suas limitações e ir além daquilo que já sabe ou conhece, o sujeito encontra constantes desafios para construir sempre mais e melhor seu conhecimento. Aqui podemos destacar a importância do saber e da preparação do educador, para fazer esta troca com seus alunos. Troca por que o professor não deve portar-se como alguém que sabe tudo e está aí para transferir seu conhecimento aos alunos, mas alguém que está aí como mediador, para ensinar e aprender com seu grupo, pois como o saber é inacabado, o professor também deve estar em constante busca de aperfeiçoamento e novas técnicas de trabalho.
Quanto mais capacitado o professor melhor será seu desempenho e o progresso de seu trabalho, deve ser criativo para tornar suas aulas mais apetitosas e proveitosas, ter firmeza e segurança naquilo que está fazendo e além do mais gostar do que faz, assim fazendo com amor tornará sua aula mais prazerosa e com certeza conseguirá cativar seus alunos. Ensinar com brincadeiras, jogos, além do poder educativo, proporciona momentos de alegria, prazer, fantasia e descontração, tendo regras acolhidas pelo grupo. Contar histórias, fazer a criança entrar no mundo da fantasia e do imaginário. Cada individuo atua de forma individual ou coletiva, cada um desenvolve sua ação conforme sua capacidade e conhecimento e esse atuar é que faz acontecer a vida da escola e fora dela, cabe ao professor valorizar cada um como é incentivando e apostar na sua atuação com sua individualidade e criatividade, pois esse é o verdadeiro papel do professor comprometido na formação do cidadão.
Outro aspecto importante no atuar do professor é saber trabalhar com a diversidade, respeitando e valorizando sem discriminar o saber e o não saber de cada um. O professor deve desenvolver seu trabalho sem discriminação, sabendo valorizar e compartilhar essa diversidade, engrandecendo coletivamente. Para isso o dialogo, saber ouvir o que o aluno tem a dizer e o que tem a perguntar, exigir e coordenar são passos que o professor precisa usufruir para desempenhar seu papel. Com muita disciplina para que ocorra a aprendizagem e saber impor limites fazendo-os crescer através deles, o respeito entre educador-aluno. Demonstrar afeto e carinho por igual entre os alunos, sem demonstrar preferências, fazer que todos se sintam acolhidos e amados. A escola tem uma linha de conduta igual para todos e deve ser seguida por todos.
No quadro geral do desenvolvimento das estruturas mentais Piaget nos traz os estágios definidos por idades, do nascimento até a adolescência. Cada etapa de desenvolvimento a criança vai adquirindo novos conhecimentos, para tanto a importância de se observar e respeitar a criança exigindo dentro do nível da criança. Ensinar pela ação, pela experiência, fazer que ela faça sozinha. Proporcionar trabalhos em grupo para promover a socialização e coletividade onde todos devem participar nas atividades do modo que consegue nunca o professor fazer para o aluno, incentivando a realização das tarefas, para conscientizar de que não deve esperar ganhar as coisas prontas, mas sim fazê-la aprender a resolver por si saindo da acomodação e desenvolver competência.
Magda Soares no texto Paulo Freire e alfabetização: muito além de um método, diz: ”Em segundo lugar uma concepção de alfabetização que transforma o objetivo com que se alfabetiza: alfabetização não apenas para aprender as técnicas do ler e escrever, mas alfabetização como tomada de consciência, como meio de superação de uma consciência ingênua e conquista de uma consciência crítica, como promoção da ingenuidade em criticidade”.
Portanto, o professor comprometido com a formação de cidadãos deverá implantar metodologias de reflexão, fazer o indivíduo pensar e fazer além da leitura das palavras uma leitura do mundo que o rodeia, sua realidade, buscar situá-lo, construir sua própria visão, formar sua própria idéia e ser capaz de opinar. Comprometer-se com as camadas mais populares, ajudar a desenvolverem a capacidade de entender e interpretar as situações, tomar decisões e assumir responsabilidades em relação a sua situação e ânsias e a partir disso lutar para conquistar aquilo que é seu direito e ter vida digna, pois vive melhor quem tem cultura por estar mais capacitado a superar obstáculos e resolver problemas do cotidiano.

Artigo publicado pela aluna Rita Pizzi Locatelli - Pedagogia 1

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